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Morre Oliveiros Ferreira, ex-diretor do “Estadão”

O jornalista e professor da USP Oliveiros Ferreira faleceu de causas naturais neste sábado (21) em Campinas. Ele tinha 88 anos. Ferreira iniciou como repórter do Estadão no interior e chegou a dirigir o jornal, foram 48 anos de casa. “Oliveiros atuou nos cargos mais importantes da redação de O Estado de S. Paulo não só pela sua competência, mas também pela confiança que a família sempre teve nele. Um homem digno, comprometido com os melhores interesses do País”, disse o diretor presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto. 

Prestou concurso para o magistério na rede estadual e ensinava Sociologia na Escola Normal de Marília, quando descobriu a vocação na reportagem. Em 1952, voltou a São Paulo a convite do professor Lourival Gomes Machado para ser seu assistente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, onde se formara em Ciências Sociais.
“Um grande intelectual com capacidade de abordar temas a que a universidade não estava acostumada a se debruçar, como a presença dos militares na sociedade.” Eliezer Rizzo de Oliveira, cientista político.
“Oli, meu padrasto, foi essencial e decisivo na minha formação pessoal, profissional e intelectual. Ensinou-me a importância da honestidade intelectual, do rigor analítico, da busca incessante pelo conhecimento, ética e disciplina do trabalho”, afirmou o jornalista William Waack.
Em 1966 defendeu a tese de doutorado sobre o peruano Haya de la Torre: Nossa América, Indoamérica – a Ordem e a Revolução no pensamento de Haya de la Torre. Cinco anos mais tarde, fez a livre-docência com uma tese sobre Gramsci: Os 45 cavaleiros húngaros, na USP. Seus estudos na área de Ciências Sociais renderam 11 livros dedicados a problemas brasileiros e questões internacionais. No Estado, aprofundou em artigos a análise de temas de sua especialidade, como a Guerra Fria, a União Soviética e as ditaduras na América Latina.
“Era uma figura agradável e divertida. Um analista muito arguto da política contemporânea.” Cláudio Couto, cientista político.
Homem de confiança do jornal, Ferreira era considerado suspeito pelos militares durante a ditadura. O Centro de Informações da Marinha (Cenimar) achava que o jornalista era trotskista. Para agentes do Exército, era comunista. A militância política do passado até que poderia ser uma explicação. Ferreira foi simpatizante da Vanguarda Socialista e depois se filiou à Esquerda Democrática, mais tarde Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Era ele que, na vigência da censura imposta pelo Ato Institucional n.º 5, recebia e transmitia as listas de assuntos censurados. A orientação de Julio Neto e Ruy Mesquita era que se fizessem as reportagens normalmente, deixando aos censores a iniciativa de cortar o que bem entendessem.
Sem velório, o jornalista foi enterrado às 12h de domingo (22) no Cemitério São Paulo. Oliveiros deixou a viúva Vânia Leal Cintra e o filho Afonso Ferreira, de seu primeiro casamento, com Walnice Nogueira Galvão.
Do Portal Imprensa
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