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‘Vamos fazer uma grande auditoria dos contratos’, diz José Ricardo

Com a experiência  de dois mandatos de deputado estadual e dois de vereador de Manaus,  José Ricardo concorre ao governo do Estado numa chapa com o colega de partido e Casa Legislativa, o também deputado Sinésio Campos (PT). Militante do PT desde a fundação da sigla na década de 1980, o parlamentar que se notabilizou por fomentar a participação popular no debate político, seja em audiências públicas ou em cima de uma kombe nos terminais de ônibus, defende como prioridade de um eventual governo seu a transparência da coisa pública.

A seguir a entrevista concedida por ele para  A CRÍTICA, na série com os candidatos ao governo.

O que o levou a se lançar como candidato?

A gente vê a situação do Estado do Amazonas. Nós estamos vivendo um quadro político extremamente preocupante, eu diria, em termos administrativos, um desastre que nós estamos tendo no Amazonas por sucessivas administrações sem transparência, sem prestação de contas e a gente vendo aí a situação dos indicadores, a população cobrando segurança, porque não se sente 100% seguro, também o descaso nas políticas da saúde, da educação. Então é um quadro político de crise , que é resultado do grupo político que tem 35 anos no poder e decidimos lançar a minha candidatura, porque nós queremos mudar esse quadro e plantar novas práticas de governar, que envolve processos de transparência e participação da população.

Como foi a construção do seu plano de governo?

Ano passado fui candidato a prefeito, onde discutimos um plano de governo para a cidade e da mesma forma isso nos ajudou a construir a base para o governo do Estado. Embora no Estado você tenha um olhar para o interior também, não é só a capital. Mas nós temos propostas que foram construídas a partir dessa participação que aconteceu desde o ano passado. Então nós estamos nos preparando para governar o Amazonas, não só pelos mandatos, eu e o Sinésio (Campos), porque é uma aliança interna dos partidos, o PT não fez aliança com outros partidos, mas internamente definiu as candidaturas. José Ricardo e Sinésio, dois parlamentares, dois deputados estaduais com conhecimento da realidade do Estado do Amazonas, cada um com uma pauta de luta, de propostas que a gente juntou e estamos debatendo agora com a sociedade.

Quais são as prioridades, caso o senhor seja eleito?

Queremos, em primeiro lugar, trabalhar nesse combate à corrupção, dando transparências às contas públicas. Nós vamos fazer uma grande auditoria dos contratos, em todos os contratos que o governo tem, porque a gente entende que combatendo a corrupção, revendo os contratos vai ter mais recursos. Por exemplo, na saúde, de novo, está sendo veiculado, continua acontecendo e a gente  acredita que com isso vai ter mais recursos para um ano e dois meses terem ações de emergência na saúde, na educação e na segurança.

A outra é construir uma base para um novo projeto de administração do Estado para o futuro, porque um ano e dois meses são ações de emergência, é você estancar a sangria do dinheiro público. Não tem nenhuma área que não envolve isso. A operação “Maus Caminhos” mostrou desvio de R$ 112 milhões, enquanto isso hospitais precisando de equipamentos que custam R$ 300 mil, equipamento mais sofisticado que seria no Francisca Mendes uma hemodinâmica que custa R$ 3, R$ 4 milhões. Portanto, nós poderíamos resolver o problema dos hospitais na parte que envolve exames, para eliminar essas filas, para dar uma agilidade maior no atendimento só com a economia feita no combate à corrupção que está instalada hoje na estrutura de saúde do Estado. Só aí, não é aumentar a arrecadação, aumentar impostos, porque ninguém vai aumentar imposto, cobrar de quem tem que pagar, mas só com o orçamento que o Estado tem dá para fazer muito mais, essa que é a realidade. Fazer melhor e mais.

Qual é o seu plano para a Segurança Pública efetivamente?

Hoje temos o lado salarial, um problema seríssimo que polícia civil e polícia militar estão cobrando e nós vamos ter que imediatamente negociar, começar a pagar esse direito. Em um ano você não resolve 100%, mas começa a pagar o que eles têm de direito. A outra é dar as condições de trabalho. Estive em uma atividade no Manôa e no tempo que eu estive lá não vi nenhuma viatura da polícia circulando. Nós temos que garantir que a polícia esteja presente nas comunidades, para isso tem que ter estrutura. Investimentos emergenciais para você dar as condições para a polícia fazer o trabalho ostensivo e de prevenção. A outra é inteligência, tecnologia, algo que abandonaram aqui no Estado. Não se vai fazer segurança pública sem tecnologia. Trabalhar a tecnologia na comunicação, nas imagens, na rapidez da comunicação. Então são algumas ações de organização do sistema de segurança e alguns investimentos fundamentais para dar condições para os policiais trabalharem e isso envolve a polícia civil, porque nas investigações há um problema de material básico, até para emitir um boletim de ocorrência, para atender uma ocorrência depois que o crime já aconteceu, para fazer lá a verificação, mesmo assim, a polícia civil padece dos mesmos problemas da polícia militar.

E em relação à mobilidade urbana?

O governo do Estado precisa ter uma estrutura que acompanhe, que trate, que planeje o sistema de transporte do Estado, que envolve o fluvial, com portos, regulamentação do transporte fluvial; a outra é o transporte aéreo, nós temos hoje sete municípios que não têm nem pista de pouso, como governador nós temos que trabalhar para cuidar dos aeroportos e com isso tentar garantir linhas aéreas através das empresas para circular no interior; e se tem poucas estradas para administrar e é uma vergonha, tem que ter um planejamento para cuidar dessas poucas estradas.

O que dá para fazer nesse mandato de um ano e três meses?

Para você construir as bases para um novo governo, porque vai ter eleição em 2018. O próximo governador, ao implantarmos essas práticas de transparência, de licitações abertas, de rever esses contratos de obras, de olhar o valor correto de mercado. O que nós vamos ter: poder dar continuidade em certas obras, mas tendo mais recursos para começar novos serviços, isso a gente continua falando das ações emergenciais, ou seja, com práticas dessa natureza, o próximo governador vai ter condições de fazer o planejamento dos investimentos de médio e longo prazo. Não podemos inventar que nós vamos resolver todos os problemas em um ano e dois meses.

Quais as medidas para a geração de empregos?

O FTI (Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas) a previsão é de R$ 600 milhões, mas o FTI há uns três anos chegou próximo de R$ 800 milhões, quando eu somo o FMPES, que está um pouco mais de R$ 100 milhões, que é o Fundo para Micro e Pequenas Empresas, estamos falando de R$ 800 a R$ 900 milhões destinados a investimentos, apoiar empresas pequenas, apoiar empreendimentos no interior do Estado, apoiar a agricultura familiar, apoiar quem está desempregado. Não é o Estado contratando gente, é chamar os concursados que forem necessários, mas é induzir a economia do Estado, ou seja, com recurso de crédito. Geração de emprego e renda utilizando um recurso que já existe.

O senhor acha que fortalecer a Zona Franca de Manaus é uma saída para melhoria da economia do Estado?

Os incentivos fiscais, que são a razão dessas empresas aqui também devem ser utilizados para outros setores da economia. Aí que entra o Estado, porque a política de incentivo é federal e estadual. Nós temos que começar a utilizar os incentivos, por exemplo, para um setor importante da economia que é o pescado. O Amazonas pode ser um grande produtor de pescado utilizando os incentivos da ZFM. Então, tem plenas condições de a política de incentivo ser um grande indutor para esse setor da produção de pescado. É vergonhoso o Amazonas continuar comprando peixes de outros Estados. Pescado é um caminho forte, o turismo também.

O senhor acha que a condenação do ex-presidente Lula pode afetar algo na sua campanha?

Ele não está sendo acusado de corrupção, de estar roubando, diferente de vários outros políticos aí, inclusive com mandato.  O Lula, para o Amazonas, foi o presidente mais importante da história do Estado e do Brasil. Na época em que Lula era presidente do Brasil, ele era governador do Amazonas. Todas as obras que nós tivemos aqui, todos os programas sociais, escolas técnicas, expansão de obras das escolas de tempo integral tudo com recurso federal, do Lula.

Perfil

Nome: José Ricardo Wendling
Idade: 53 anos
Estudos: Formado em Economia e Direito.
Experiência:  Foi presidente do Conselho Regional de Economia. Filiou-se ao PT em 1995, mas militava no partido desde a fundação. Foi eleito duas vezes  vereador e duas vezes como deputado estadual. No ano passado, concorreu ao partido sendo o 4º mais votado.

Por Geizyara Brandão | AC

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