Sonda Cassini – parte 1
Investigadores da Cassini alongaram a órbita da nave com o intuito de aumentar o ângulo entre a sonda, o equador saturnal e o plano de seus anéis. Após uma viagem que durou sete (07) anos a Cassini tem estudado Saturno mais de perto desde 2004. Além do planeta, a sonda também colectou registos dos anéis e luas saturnais. Os dados colectados pela Cassini são dos mais variados, entre eles certamente os mais expressivos são: a presença de um oceano no interior de Encélado e os mares de metano líquido em Titã.
Actualmente a sonda está a girar em torno dos pólos de Saturno e sua programação permite que Cassini complete 20 voltas a cada sete dias.
Segundo um dos investigadores da equipa de Cassini, há dois instrumentos capazes de colectar amostras tanto de partículas quanto de gases toda vez que a sonda cruzar o plano dos anéis. Espera-se que partículas dos anéis e moléculas de gases ténues existentes nas proximidades dos anéis sejam melhor entendidas após esse estudo.
Sua trajectória está programada para que Cassini passe através de um anel muito ténue formado por meteoros bem pequenos, os quais atingem as luas Jano e Epimeteu. Mais próximo de Março, o orbitador passará pela parte mais externa do anel F, talvez a região mais poeirenta de Saturno. Apesar da trajectória ser classificada como aquela mais perto do planeta desde os últimos anos, a equipa sublinha que estamos a uma distância superior a 7,8 mil km do anel F, ou seja, a influência gravítica devido a presença de poeiras pode ser desprezada.
Saturno tem vários anéis muito finos, porém, somente seis deles são denominados pelas seis primeiras letras do alfabeto latino, conforme mostra a figura 01 acima. Note que as letras foram distribuídas obedecendo a ordem de descoberta de cada anel, assim, o primeiro anel a ser descoberto está representado pela letra “A” e o último pela letra “G”. Particularmente, o anel F é o mais complexo e o mais dinâmico de todos. Marcando o limite exterior do sistema principal de anéis, o anel F apresentou uma largura de 800 km, registada pela Cassini. Também foram avistados nesta região estruturas que lembram brilhantes serpentinas, filamentos delgados e canais escuros que surgiam e avançavam em um curto tempo. A Cassini conseguiu analisar o núcleo do anel F, caracterizado por ser uma região altamente densa cuja largura é cerca de 50 km.
Ainda dentro da programação da Cassini, estão previstas observações das luas Pandora, Atlas, Pã e Dafne. Trata-se de um conjunto de pequeninas luas que estão a orbitar as proximidades dos anéis, seja por dentro ou tangente às bordas. Outra meta da sonda é fazer uma explanação dos anéis A, B e F. Essa trinca compõe os principais anéis externos de Saturno. No anel A, espera-se a descoberta de luas “quase invisíveis” isto porque as dimensões desprezíveis destas fazem com que as mesmas não sejam percebidas na região circunvizinha.
Também previsto para Março de 2017, Cassini passará pela sombra de Saturno, facto que favorece os registos dos anéis -agora iluminados pelos raios solares. Esperam-se registos de nuvens de poeira expedidas pelos impactos de meteoros. Neste instante, Cassini estará apenas a 90 mil km acima das nuvens de Saturno. Entretanto, com a chegada de Abril, Cassini entrará em processo de finalização de sua missão. Isto porque o combustível da sonda está por findar e, desta maneira, após quase duas décadas no espaço (1997-2017) a equipa, que trabalhou ao longo desses anos na Cassini, projectou as últimas tarefas da sonda.
Em sua despedida, a Cassini estará apenas 1,6 mil km de distância das nuvens de Saturno e, em seguida, mergulhará na atmosfera saturnal (em 15 de Setembro). Para proteger as luas (principalmente aquelas potencialmente habitáveis) a Cassini irá se colidir com Saturno.
Certamente, a Cassini é ( foi) uma missão que deixará saudades. Foram 20 anos de muito aprendizado e descobertas. Após o término do envio dos dados da Cassini, resta-nos saber quando será lançada uma Cassini 2. Bem que seria educativo e instrutivo. A diferença é que agora saberemos exactamente a distância exacta que as novas sondas terão que estar para que tudo ocorra bem nas missões futuras.