Kepler 1649b
Recentemente os astrónomos constataram a existência de um planeta similar a Vénus. Tal exoplaneta está a orbitar sua estrela-mãe, Kepler 1649.
A descoberta foi possível com o auxílio do Telescópio Espacial Kepler (da NASA). Denominado Kepler 1649b, o novo exoplaneta está a 219 anos-luz da Terra.
Kepler 1649b é rochoso e um bocadinho maior que a Terra. Como já falamos, em matérias anteriores, geralmente planetas rochosos surgem nas regiões próximas às estrelas frias e de baixa massa. E esse é justamente o caso, a estrela Kepler 1649 além da baixa temperatura, apresenta um diâmetro equivalente a 20% do diâmetro solar.
Kepler 1649b possui um período translacional de 9 dias. A curta distância entre o exoplaneta e sua estrela tem reflexo no fluxo estelar recebido por Kepler 1649b. Para termos uma idéia, o fluxo estelar de Kepler 1649b é cerca de 2,3 vezes mais intenso que o fluxo estelar que a Terra recebe do Sol. No Sistema Solar, o fluxo estelar recebido por Vénus é aproximadamente 1,9 vezes mais intenso que aquele recebido pela Terra.
Esse estudo é de suma relevância, principalmente, pelo seu potencial em fornecer-nos um conhecimento mais profundo a respeito da natureza de exoplanetas que estão a girar em torno de anãs M (como já dissemos em matérias anteriores: este é o tipo estelar mais comum no Universo). Só para relembrarmos, vamos fazer uma comparação entre o nosso Sol e uma anã M?
A figura 02 está a mostrar duas estrelas, uma é o nosso Sol (que está à esquerda) e outra é uma anã M (que está a direita). Notamos que as anãs M são bem mais vermelhas que o Sol. Outro detalhe, as anãs M são também menos densas que o Sol. Para quem acompanha nossa Coluna de Astronomia, já é sabido que: planetas tipo-Terra, geralmente, orbitam estrelas anãs M e, frequentemente, se encontram na zona habitável do sistema planetário. Embora nós tenhamos usado o termo “tipo-Terra”, lembramos a você, caro leitor, que essa terminologia é válida no que diz respeito ao tamanho do planeta e não às condições atmosféricas e/ou habitabilidade. Desta forma, em geral, tais planetas podem apresentar um ambiente muito hostil. É o caso de Kepler 1649b, o qual apresenta atmosferas densas e elevadíssimas temperaturas, algo muito similar a Vénus.
Os astrónomos pretendem compreender o comportamento e os limítrofes das zonas habitáveis ao redor das anãs M. Para essa finalidade, basicamente, dois factores estão a ser investigados: a variabilidade estelar e os efeitos de maré. Diga-se de passagem são esses os responsáveis pela diferenciação entre os planetas tipo-Terra de outros Sistemas Estelares quando comparados aos do Sistema Solar.
É bem verdade, caro leitor, que a Astronomia tem se dedicado à descoberta de planetas tipo-Terra, ou dito de outra maneira, os astrónomos estão a mapear a maior quantidade de planetas similares a Terra e a Vénus. A principal motivação para isso é a proximidade da data de estréia dos novos telescópios.
Por “novos telescópios”, entenda-se: tratam-se de telescópios que viabilizarão o estudo de atmosferas planetárias. A pergunta a ser respondida é: Se Terra e Vénus possuem massas e densidades tão próximas, então, por qual motivo a vida se desenvolveu em um planeta e não em outro? Agora é uma questão de tempo. Em um futuro próximo, poderemos ter as primeiras evidências. Particularmente, não me causa surpresa a constatação de que a Terra é o único a apresentar condições especiais para o surgimento da vida. Até a próxima!