GJ 1132b
Já falamos muito sobre planetas tipo-Terra, entretanto, até o momento não havíamos mencionado algo a respeito da atmosfera dos mesmos. Isso porque, até então, não tínhamos uma atmosfera associada aos exoplanetas tipo-Terra.
Uma equipa de astrónomos utilizou o telescópio do ESO/MPG para realizar um estudo mais profundo sobre a provável existência da camada atmosférica do exoplaneta GJ 1132b. Com o avanço do estudo, a equipa chegou à uma grata surpresa: a super-Terra GJ 1132b apresenta uma atmosfera. Desta forma, o primeiro exoplaneta, tipo-Terra, cuja atmosfera foi confirmada.
O resultado reascendeu a discussão sobre a possibilidade de vida além do Sistema Solar. Mas isso ainda está no campo das especulações. De concreto, o que podemos afirmar é: há um outro planeta similar à Terra e que tem atmosfera. A deteção foi possível graças a habilidade da equipa em medir a variação no brilho emitido pela atmosfera do planeta, à medida que o mesmo passava à frente da estrela-hospedera (GJ 1132) e absorvia a luz estelar.
Mas não devemos imaginar “possibilidades”, temos que ter muito cuidado e sermos realistas. NÃO FOI DETETADA VIDA fora da Terra. A deteção confirmada foi apenas da existência de uma atmosfera associada a um exoplaneta e para ser mais enfático: um exoplaneta tipo-Terra. Sugiro você, caro leitor, a ser razoável e analisar conmigo o seguinte facto: actualmente há mais de mil (1.000) planetas confirmados do tipo-Terra, e somente agora, temos a confirmação de que um (01) deles tem atmosfera. Achei esse ponto importante, vamos sublinhá-lo: EM MAIS DE MIL PLANETAS TIPO-TERRA ENCONTRADOS, SOMENTE UM TEM ATMOSFERA. Creio que esse dado seja suficiente para trazer o homem à razão e deixar de buscar cousas inexistentes, não acha?
O que vale à pena ser avaliado é a questão da composição química da atmosfera da super-Terra GJ 1132b. Evidentemente, caso haja a presença de organismos vivos, estaremos a falar da possível existência de vegetação e até mesmo vida no ambiente aquático do exoplaneta.
Porém, mais uma vez, temos que ter muito cuidado, afinal, será mesmo que a presença de oxigénio em abundância implica necessariamente em existência de vida? Pensemos um bocadinho: então se encontrarmos uma estrela rica em oxigénio, poderíamos dizer que lá haveria sinais de vida? Claro que não.
Outro facto importante, diz respeito ao tipo do exoplaneta. Em pesquisas anteriores, a NASA havia confirmado a existência de atmosfera exoplanetárias somente de exoplanetas tipo-Júpiter, isto é, gigantes gasosos (os quais normalmente são quentes). Mais uma vez, repetimos, GJ 1132b é o primeiro exoplaneta tipo-Terra a apresentar uma atmosfera.
Por se tratar de uma Ciência, a Astronomia leva em consideração diferentes opniões. Há quem afirme que a atmosfera da super-Terra GJ 1132b tanto poderia ser rica em água líguida quanto em metano. O grupo de pesquisadores desta investigação afirma que GJ 1132b é um planeta pouco maior que a Terra e a equipa acredita, ainda, que se trata de um planeta quente assim composto: uma superfície rica em água e uma atmosfera rica em vapor aquecido. Entretanto, não devemos abrir mão de outra versão: GJ 1132b apresenta uma superfície com temperaturas razoáveis e uma atmosfera rica em metano, o qual provoca um efeito estufa e assim eleva a temperatura do planeta.
GJ 1132b está a orbitar uma estrela cuja massa é baixíssima. Trata-se de GJ 1132 situada na constelação Vela. Essa estrela fica a 39 anos-luz da Terra. Em geral, GJ 1132b entra na frente de sua estrela-mãe e da Terra a cada 1,6 dias. Desta forma, bloqueia um bocadinho da luz emitida pela estrela.
A fração de luz absorvida pelo exoplaneta permite-nos inferir que GJ 1132b tem 1,4 vezes o tamanho da Terra.
Temos que levar em consideração algumas características das estrelas de pouca massa:
- são muito mais comuns que estrelas tipo-Sol;
- hospedam planetas menores (geralmente, rochosos);
- possuem elevada actividade magnética;
- produzem grandes quantidades de raios-X e raios ultraviota.
As características acima apontam em dois sentidos, a saber: o primeiro é que a alta produção de radiação X e ultravioleta é o suficiente para acelerar o processo de perda da atmosfera planetária. Outro detalhe importante está no facto de que, ao que tudo indica, condições proprícias à vida parece ser algo mais corriqueiro no Universo do que estávamos a pensar.
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA/UEA/CNPq, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, membro da UAI, membro da PLOAD/Brasil e ST/Brasil, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Director do Planetário Digital de Parintins-NEPA/UEA/CNPq, Director do Planetário Digital de Manaus-NEPA/UEA/CNPq, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).